A antiga Republica Romana, que durou quase 500 anos (509 a.C. a 27 a.C.), degenerou por completo graças à concentração de poder politico e econômico nas mãos de oligarquias. Um triunvirato militar, composto por três comandantes, passou a liderar 3 territórios distintos até que o líder de um deles venceu os outros: Octaviano, futuro César Augustus. O que fez Octaviano depois de unificar o território? Tornou-se um ditador? Não, ele abriu mão do controle politico e militar e reintroduziu a ordem republicana em todo o território controlado por Roma. Octaviano delegou aos governadores locais o controle dos exércitos das províncias, retornou plenos poderes ao Senado e tribunas, promoveu eleições livres e revitalizou as assembleias. Ao abrir mão do poder totalitário, Octaviano fortaleceu as instituições representativas dos cidadãos e, não muito tempo depois, a lei e a ordem retornaram.
Diferentemente de outros líderes de sua época, a autoridade de Octaviano se fez presente através da virtude. Até aquele momento, o poder executivo na antiga Republica Romana era exercido por dois cônsules, eleitos anualmente pelo Senado. Após obter a permissão do Senado, o líder romano assumiu uma das posições de cônsul em caráter permanente, enquanto a outra vaga continuava a ser eleita pelo senado. É o mesmo sistema adotado pelas monarquias parlamentaristas dos dias de hoje. Contrário à postura do típico déspota, que manipula as instituições para obter maior poder, Octaviano influenciava os senadores romanos a escolherem cônsules republicanos voltados ao fortalecimento das instituições, e não de seu poder pessoal. O que Octaviano queria era mais poder e fortuna? Não, ele sempre teve muito dos dois, tanto que muitas obras públicas foram financiadas diretamente por sua fortuna pessoal. O que movia Octaviano era o mesmo desejo de todo grande estadista da história: estabilidade política com legitimidade em prol do bem comum.
Como o risco de uma guerra civil entre as províncias e contra Roma sempre foi uma constante, um novo poder se fazia necessário como forma de estabilização. O Senado Romano quis dar a Octaviano o poder de Ditador, algo que ele negou. Foi então que o Senado criou o cargo de Imperador, que conferia a Octaviano autoridade militar e poder de intervenção político nas demais esferas políticas, caso fosse necessário. Assim nasce o Império Romano.
Contrário ao que vários pensam e divulgam de forma equivocada, do ponto de vista legal o Império Romano foi criado pelas instituições da República Romana, e não por um golpe de Estado militar organizado por um ditador carismático. Outro fato pouco conhecido é que a prosperidade floresceu, e as instituições republicanas e o direito romano avançaram tremendamente, assim como a sua economia e hegemonia política. Outro mito é a questão da sucessão, pois o Império Romano não era hereditário, ou seja, a posição de imperador não era passada de pai para filho. O sucessor de um imperador era sempre aclamado por mérito e, salvo uma única exceção, nunca eram filhos de imperadores. Diferentemente da crença popular, a república romana não desapareceu com o Império Romano, ela apenas reconheceu que precisava de um imperador para defende-la. Em outras palavras, o imperador romano servia a Roma, e não ao contrário.
Milhares de anos depois, o mesmo modelo existente em Roma foi aplicado na maior república do mundo. O cargo do presidente da República nos EUA foi inspirado no modelo romano. O chamado poder moderador, existente no Brasil Império, também nasceu a partir do dispositivo político de Roma. Octaviano foi o primeiro imperador romano e governou por quase 40 anos. Grande estadista, ele influenciou toda uma geração de romanos com seus valores, o que garantiu a longevidade do modelo criado por ele mais de 400 anos. Por que o Império Romano sucumbiu? Pelas mesmas razoes que a antiga República Romana ruiu: concentração de poder politico e econômico das oligarquias.
Essa concentração política e financeira nas mãos de poucos que visam somente seus próprios interesses é o que está acontecendo no Brasil. A mesma doença que matou a República e o Império Romano colocou o Brasil de cama. Ainda é tempo de medicar o doente, mas o pulso do nosso bem comum está cada vez mais fraco. Meu livro “Por que o Brasil é um país atrasado?“ ajuda a explicar esse mal e o que podemos fazer para combate-lo.
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22 Comments
Excelente ?
Explicação muito boa ! Obrigado !
Boa noite Sr Luis Philippe!
Tenho acompanhado suas publicações e me interesso muito por nossa História. Sou estudante de pedagogia e pretendo fazer meu TCC homenageando o nosso Monarca , D. Pedro II.
Já adquiri seu livro na Saraiva, mas estou aguardando a chegada que será em Outubro . Tenho muito interesse em me aprofundar na verdadeira História do Brasil.
Parabenizo-lhe pelo empenho de trazer à público o conhecimento dos verdadeiros fatos de nossa Historia.
A história de Otaviano é muito ilustrativo do poder no Brasil.
Obrigado pelo artigo. Não conhecia Octaviano. Porreta!
São de instituições democráticas e estáveis assim que precisamos para salvarmos o Brasil e garantirmos nossos interesses. Ao invés de oligarquia, devemos ter uma democracia com uma aristocracia assessirando um imperador, moderando a classe política e defendendo perpetuamente os brasileiros.
Alteza,
Seu texto é excelente. Só faço uma ressalva: houve mais de um caso ao longo dos cerca de 500 anos de Império em que o filho sucedeu o pai na chefia do Estado.
Saudações,
William Bottazzini Rezende
Ótima e oportuna matéria.
Jerónimo Folgado. 5 de setembro 2017 Sr. Luíz gostei do seu texto mas duas das razões porque império romano caiu são “desarmaram o povo e introduziram soldados que iam capturando de outros povos em grande quantidade” será o que vai acontecer na Europa num futuro não muito distante? Muito obrigado pela atenção.
Concordo quanto à ação nefasta das oligarquias no Brasil atual. Mas não vislumbro como o país poderá sair dessa situação, considerando o controle de grande parte do eleitorado especialmente pelas oligarquias, os quais dificilmente farão uma reforma política em seu desfavor e em benefício de todos.
Alteza,
Assim como o Brasil, outras colônias foram povoadas por migrantes fugidos dos regimes políticos ou religiosos, fica difícil aceitar tanta tramóia, por tanto tempo… Quando outras colônias obtiveram o sucesso, que seria nosso sonho brasileiro.
Creio que a democracia como conhecemos caducou…
Políticos profissionais travestidos de democratas, tornaram nossa democracia em uma sociedade de castas, em que eles os brâmanes, sempre legislando em causa própria, relegaram a grande maioria dos brasileiros à condição de párias ou intocáveis…
Se faz necessário a descontinuação política, no máximo uma reeleição, depois o indivíduo volta à sua profissão original, seja ela qual for (dentista, engenheiro, torneiro mecânico etc…) e se aposentaria em sua profissão original, nunca como político….
Se a restauração da monarquia conduzir a este caminho, em pouco tempo o Brasil se torna país de primeiro mundo.
Pena que o Brasil é administrado pra dar errado, é frustrante o que vemos…e infelizmente! Não conseguimos ver o caos no fim do túnel .
excelente…?
Agradeço à Vossa Alteza por nos ter dado essa verdadeira aula de Historia, Sociologia e Política, bem diversa da ensinada pelos professores da seita socialista e maçônica.
A corrupção em Rona também colaborou, tornando o estado incapaz de manter seus exércitos distantes e dai a ruína
Tudo palhaçada , só quer justificar a monarquia
E você o crime
Sou fascinada pela história romana a ponto de colocar o nome de Cesar Augusto no meu filho. Vou procurar ler o seu livro. O sr. têm outros livros publicados? abraços
Exatamente.Uma verdadeira aula de história como deveria ser: Simples e objetiva. E perceberam que o Brasil é mesmo uma “República” de oligarquias? Razão do atraso do pais e de sua constante instabilidade.Não acredito que possamos recuperar mais nada,mas não custa ainda lutarmos certo.E Octaviano foi sim o maior Imperador dos Romanos.A decadência viria depois,com sucessivos governo medíocres e corruptos.Que pena.O Impe´rio poderia ter chegado até os dias de hoje!! Já pensaram nisso? Mas a História é implacável e todos os impérios da antiguidade duraram apenas o tempo necessário para que o mundo se modernizasse,daí é que viriam todas essas porcarias que temos e já tivemos!
Excelente.
Sugestão:
O lento suicídio do Império Romano – gastos crescentes, assistencialismo, privilégios e inflação
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2195
Observações sobre as causas do declínio da civilização romana
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1348
Com certeza o fortalecimento das intituições é o primeiro passo para a distribuição de renda e poder politico. Parabens para essa mentalidade octaviana.